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Sem a sua animação, dificilmente estas reputações podem produzir os resultados que procura todo homem de letras.

Não justifico nem exagero o fato. Verifico-o apenas, tanto mais quanto ele não é novo. Já nos tempos que mediavam entre a Regência e o Segundo Reinado, os poetas provincianos glosavam este mote:


Sem grande corte na Corte

Não se pode melhorar.

O corte é que nos faz bem

A corte é quem nos faz mal.

E agora, sob o regime da federação, as cousas não mudaram. Eis por que todos procuram viver no Rio, visitá-lo com freqüência ou estar em comunicação com os centros cariocas para conseguirem as mesquinhas vantagens que no Brasil se oferecem aos que exercem a pouco invejável profissão de homem de letras.

Nestas condições, como supor que nos Estados se formem literaturas à parte?

Além disso, na essência das cousas, não existe fundamento para estabelecer diferenças radicais entre as literaturas regionais do Brasil. Salvo insignificantes particularidades, os costumes, o folclore, as crenças, as aspirações, os desânimos, até a preguiça, são os mesmos em todo o Brasil, e, servidos pela mesma língua, impressionam da mesma forma os cérebros conformados