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parte. Ainda há pouco, logo após a publicação das minhas primeiras entrevistas sobre o momento literário, todos os Estados agitaram-se, S. Paulo, Rio Grande, Pernambuco...

— É dividir o que não se pode dividir. Não há talentos do Norte nem do Sul. Há talentos brasileiros. Não posso compreender, para não citar senão um exemplo, em que os versos de Francisca Júlia possam ser paulistas. Quanto à separação da nossa futura literatura, ela se fará lentamente, como se vão formando a nossa raça e o nosso gosto, conforme as correntes mais ou menos fortes dos povos colonizadores. Talvez em 2500 existam literaturas diversas no vasto território que hoje forma o Brasil.

— E o jornalismo?

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, tão poeta que o seu nome é um alexandrino, limpou os vidros do binóculo e disse praticamente:

— O jornalismo é para todo o escritor brasileiro um grande bem. É mesmo o único meio do escritor se fazer ler. O meio de ação nos falharia absolutamente se não fosse o jornal — porque o livro ainda não é coisa que se compre no Brasil como uma necessidade. O jornal é um problema complexo. Nós adquirimos a possibilidade de poder falar a um certo número de pessoas que nos desconheceriam se não fosse a folha diária; os proprietários de jornal vêem