Página:O Momento Literario (1908).pdf/327

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com essa crassa ignorância que oculta aos talentos aprimorados do norte as mais belas inteligências do sul, e vice-versa.

Sociológica, estética, psicológica, determinista, ou o que mais seja, a crítica literária deve também ser um instrumento prático e honesto de vulgarização dos bons trabalhos e um veículo justiceiro para a coesão das capacidades intelectuais.

Que todo o Brasil, de norte a sul e de leste a oeste, se conheça e se confraternize literariamente, por meio de uma crítica imparcialmente disseminadora e difusiva, que terá como resultante a criação de uma literatura interestadual, ou formação integral da literatura brasileira, forte, robusta, vigorosa, inteiriça.

Era este o meu pensamento em 1901. Hoje, não está absolutamente abalado. Hoje, como então, ponho em dúvida a existência de centros literários estaduais, e chego mesmo a negar a integração definitiva da literatura pátria.

Nos Estados há grandes talentos, brilhantes ilustrações, homens de rara e notável capacidade mental, escritores e pensadores de fina têmpera, que se não trocam por certos nulos empavesados da Rua do Ouvidor — cloróticos representantes de uma literatice mórbida, doentia, aquosa, anemizada pelo elogio de confraria ridícula e pulha.

Entretanto, por múltiplas circunstâncias, a capital