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E é necessário ajuntar que o Rio está cheio de escritores provincianos, que lá não foram adquirir nem mais talento nem mais aptidão, mas apenas tornar-se mais conhecidos, lidos e apreciados.

Duas linhas agora acerca do último quesito.

O jornalismo, em qualquer parte do mundo, e sobretudo no Brasil, e particularmente aí no Rio, pode ser um fator ótimo ou um fator péssimo da arte literária.

É péssimo, quando os seus diretores não têm critério na escolha das produções que a colaboração irresponsável e duvidosa de rabiscadores medíocres lhes oferece; quando permitem que os próprios autores elogiem ou mandem elogiar os seus livros com fins essencialmente mercantis; quando afastam os escritores de real valor, de merecimento comprovado, e protegem as nulidades apavonadas.

É igualmente péssimo e, mais do que isso, profundamente pernicioso, quando dirigido por tipos ignóbeis como aquele finamente caracterizado por Villiers de I'Isle-Adam nos seus belíssimos Contes Cruels (págs. 34-51).

Mas quando o jornalismo conta entre os seus mentores um vulto da estatura moral do pranteado e meigo Ferreira de Araújo, então ele é bom, ele é fecundo, ele é ótimo, não simplesmente como vigoroso fator literário senão também como um nobre impulsor da civilização de um povo.