Página:O Momento Literario (1908).pdf/334

Wikisource, a biblioteca livre

força e da inteligência. Os mais puros monumentos do gênero humano são a apoteose da força e da saúde.

Os períodos de decadência, ao contrário, caracterizam-se pela depressão física do indivíduo. A literatura dos anêmicos, dos alcoólicos, dos escrofulosos e dos dispépticos será paralelamente anêmica, desequilibrada, mórbida e indigesta. (Corra-se a galeria dos nossos autores da atualidade.)

As sociedades decadentes, fisicamente atrofiadas, como a nossa, são incapazes de produzir o tipo superior da espécie, o criador, o artista. Expiam assim obscuramente o crime da sua pusilanimidade. No domínio literário, como na esfera política, estão condenadas a uma subserviência opressiva e humilhante, quando não à esterilidade e à morte.

Mas em arte, como no mundo orgânico, o que importa sobretudo é a vida. É a força e a plenitude; é o gesto intenso e o coração à larga; é o vigor do músculo e o belo equilíbrio das funções vitais; são as aspirações livres para os cumes ásperos e solitários; é o ar puro da montanha no cérebro e nos pulmões, a afirmação imensa e transbordante perante a existência.

Fora disso, toda criação de arte não passará de um arremedo grosseiro e pueril, perigoso excitante de imaginações doentias, qualquer cousa, que será talvez polução da arte, não a