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Quando dei por findo o meu trabalho voltei ao amigo que mo indicara como necessidade do público e provento literário. Sentei-me desoladamente num vasto divã de Mapple; e, como fazia Aulo-Gellius nas suas noites áticas, pedi-lhe, cheio de humildade e temor, a sua opinião.

— Francamente, acha alguma utilidade social em saber que o sr. Alberto de Oliveira não responde a um inquérito e que o Sr. Alberto Ramos prega a força do super-homem?

— Meu amigo, eu acho que a crítica está absolutamente acabada. As reflexões de Sainte-Beuve, as tiradas do Arnold, os ensaios científicos ou metafísicos para explicar a composição da Comédia do Dante ou o Testamento do Gallo desapareceram por completo. Hoje, sejamos francos, a literatura é uma profissão que carece do reclamo e que tem como único crítico o afrancesado Sucesso. Não sei se conhece o livro de Gastão Ragot a respeito. O êxito, resultante ou acidental, é uma força. Esta força não é cega