Página:O Momento Literario (1908).pdf/350

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— Em primeiro lugar a demonstração de que a vaidade não é mais uma qualidade má, mas ao contrário, a satisfação natural de todo o homem, uma deliciosa coquetterie cerebral, que o arrivismo prático transforma em reclamo. Os escritores consultados, quase na sua totalidade, contaram com especial prazer a própria vida. Tem v. para sempre um livro de consulta biográfica dos escritores nacionais. Em segundo, a idéia clara de que o homem de letras só tem um desejo, mesmo quando está na torre de marfim: conquistar o favor público, ser lido e ser notado. O seu inquérito é um exemplo das idéias que v. acha brutal.

As opiniões que se emaranham nessas páginas são conseqüências desse princípio. Vemos em primeiro lugar a anarquia mental, a anarquia do século. Uns acham que estamos em decadência; outros que progredimos. Aqui brada um que estamos no momento da luta; ali brada outro que não temos escolas literárias; acolá mais outro insurge-se contra a luta e a decadência. A verdade é que cada um cuida de si. A época é de um individualismo hiperestésico. Há a estagnação dos corrilhos literários, mas a fúria de aparecer só — é prodigiosa. Os vencedores acham todos o jornalismo animador, o jornalismo necessário; os que por inaptidão, trabalho lento ou hostilidade dos plumitivos, ainda não se apossaram das folhas diárias, atacam o jornalismo,