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Brasil, que é uma fantasia a idéia de literatura do norte e literatura do sul, que já não há romancistas, que os grandes poetas e os grandes escritores são os que estão na Academia, e que não há uma só das nossas idéias que não seja bebida no estrangeiro, nos livros do Félix Alcan, ou nas extravagâncias publicáveis do Mercure de France; que o naturalismo morreu, que o nefelibatismo agoniza, que a poesia estrebucha...

— Tudo para pior.

— Há também o lado bom, e esse é que a alma e o cérebro do Brasil tomam as feições modernas, que as idéias do mundo são absorvidas agora com uma rapidez que pasmaria os nossos avós; que o jornalismo inconscientemente faz a grande obra de transformação, ensinando a ler, ensinando a escrever, fazendo compreender e fazendo ver; que o individualismo e o arrivismo criam a seleção, o maior esforço, a atividade prodigiosa, e um homem de letras novo, absolutamente novo, capaz de sair dessa forja de lutas, de cóleras, de vontade, muito mais habilitado, muito mais útil e muito mais fecundo que os contemporâneos.

— E esse homem, o literato do futuro...?

— É o homem que vê, que aprendeu a ver, que sente, que aprendeu a sentir, que sabe porque aprendeu a saber, cuja fantasia é um desdobramento moral da verdade, misto de impassibilidade