Página:O Momento Literario (1908).pdf/42

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tempo não sonhadas sequer; o mal estilo provinciano, condoreiro, asiático, sesquipedal, pedantesco, bombástico ou ridículo, aqui não acha quartel e cá se não vê mais no livro nem no jornal.

(Não falo de exceções para pior; nem a mesma Atenas de Péricles delas estaria isenta.)

Dessa tendência concluo que o predomínio será no Brasil o do culto da linguagem clássica; temos a doença que é o dialeto e é natural que se não poupem sacrifícios pela saúde.

Faça-me justiça. Não quero dizer que nos desvelem as noites o Fr. Luís de Sousa ou o Sá de Miranda: para estes haverá obreiros modestos que lhes consagrem as insônias, trabalhadores incessantes e fragueiros. A tendência para a perfeição é um instinto ingênito de todos os artistas; nunca houve guerra aos clássicos senão depois que houve jornalismo. Os jornalistas com a sua técnica repentina não se podem prender por esses polimentos demorados, por essas limagens preguiçosas que não podem ir por máquina. Falam pro domo sua, quando invectivam as velharias de antanho. Mas se há mister, por que se não há de, até nisto, engenhar uma máquina?

Não é talvez difícil e creio até que já está meio inventada.

Coloquemos a questão nos seus verdadeiros termos.