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Quis fugir à resposta; mas estava preso pela promessa.

Palavra de tabaréu não torna atrás...

Aí vai, pois.

Em mim o caso literário é complicadíssimo e anda tão misturado com situações críticas, filosóficas, científicas e até religiosas, que nunca o pude delas separar, nem mesmo agora para lhe responder.

Não tive nenhumas precocidades literárias, científicas ou outras quaisquer.

Quando escrevi a primeira poesia e o primeiro artigo de crítica, tinha dezoito anos e meio bem puxados e já andava matriculado na faculdade do Recife.

Para lhe dizer tudo, devo partir do princípio.

Faço-o com acanhamento, mas é indispensável.

Nestes assuntos ou tudo ou nada. Não se assuste, serei breve.

Como caráter e temperamento, sou hoje o que era aos cinco anos de idade.

Não se admire; é que sou, se assim posso dizer, uma vítima das duas primeiras, mais famosas e mais terríveis epidemias que devastaram o Brasil no século XIX.

Em 1851, ano em que nasci, foi nossa terra invadida por uma violenta epidemia de febres más, que se estendeu por várias províncias.