Página:O Momento Literario (1908).pdf/65

Wikisource, a biblioteca livre

No Rio há muita gente que conheceu e conhece toda a minha família. Os senadores Olímpio de Campos e Martinho Garcez são do número.

A nova residência na vila, onde meu pai era negociante abastado, dos cinco aos doze anos, fortificou em mim as disposições inatas e as adquiridas.

O Lagarto, naquele período, era uma terra onde os festejos populares, reisados, cheganças, bailes pastoris, taieiras, bumbas-meu-boi... imperavam ao lado das magníficas festividades da igreja.

Saturei-me desse brasileirismo, desse folclorismo nortista. Não devo ocultar certa ação de dois livros que foram, nos últimos tempos de escola primária, a base do ensino do meu derradeiro mestre de primeiras letras.

Um — o Epítome da História do Brasil, de J.P. Xavier Pinheiro, por causa da descrição de nossa terra — de Rocha Pita, que ocorre logo nas primeiras páginas: "O Brasil, vastíssima região, felicíssimo terreno, em cuja superfície tudo são frutos..."

Outro, Os Lusíadas, por muitos trechos que me encantavam.

O Brasil da descrição de Pita ficou sendo o meu Brasil de fantasia e sentimento; a poesia de Camões ainda hoje é uma das mais elevadas manifestações da arte no meu ver e sentir, e,