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que me vinham do filósofo e do poeta se completavam. Percorri várias vezes esses dois volumes, meditei-os longamente e não posso dizer todo o abalo que produziram sobre o meu espírito, no qual fizeram realmente uma revolução; mas o poeta era subsidiário do filósofo, porque a beleza que eu achava em Richepin vinha, sobretudo, da sua filosofia.

Depois, outros livros que contribuíram decisivamente para formar meu espírito foram a Historia da Criação Natural de Haeckel, o Exame da Filosofia de Hamilton, por Stuart Mill, e os Primeiros Principios de Spencer. Não me lembro de que nenhuma obra de literatura me tenha dado a sensação de intensa alegria, quase direi: de embriaguez intelectual, que eu tive ao ler a parte do Incognoscível daquele livro de Spencer.

É evidente que eu não pretendo enumerar as obras que apreciei, mas unicamente as que fizeram sobre mim uma impressão violenta, as que mudaram o rumo do meu pensamento, fixando-o no que ele hoje é.

Talvez fosse lícito mostrar que tanto os literatos como os cientistas que eu citei se caracterizam por uma qualidade: a clareza do estilo. As filosofias e as literatices obscuras sempre me repugnaram.

Depois, uma ordem de leituras me atraiu: o hipnotismo e o ocultismo