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PREFACIO DA 2.ª EDIÇÃO


CARTA AO EDITOR DO Mysterio da Estrada de Cintra
 


Ha quatorze annos, n’uma noite de verão no Passeio Publico, em frente de duas chavenas de café, penetrados pela tristeza da grande cidade que em torno de nós cabeceava de somno ao som de um soluçante pot-pourri dos Dois Foscaris, deliberámos reagir sobre nós mesmos e acordar tudo aquilo a berros, n’um romance tremendo, businado á baixa das alturas do Diario de Noticias.

Para esse fim, sem plano, sem methodo, sem escola, sem documentos, sem estylo, recolhidos á simples «torre de crystal da Imaginação», desfechámos a improvisar este livro, um em Leiria, outro em Lisboa, cada um de nós com com uma resma de papel, a sua alegria e a sua audacia.

Parece que Lisboa effectivamente despertou, pella sympathia ou pela curiosidade, pois que tendo lido na larga tiragem do Diario de Noticias o Mysterio da Estrada de Cintra, o comprou ainda n’uma edição em livro; e hoje manda-nos V. as provas de uma terceira edição,