Página:O Reino de Kiato.pdf/100

Wikisource, a biblioteca livre
O reino de Kiato
109

não explica porque não pode comprehender o «porque» dos factos.

Paterson, na segunda noitada, voltou á Bibliotheca afim de conhecer a literatura didactica do povo kiatense.

Começou pelos livros antigos. As obras em que a infancia devia adquirir conhecimentos praticos e moralidade, fortalecer e formar o caracter, sobretudo estimular-se, eram de uma banalidade que tocava á demencia. Eram triviaes contos da carocha, reinos encantados, sem arte, sem graça, sem estylo e até sem grammatica. Nelles, de pedagogia nem sombra.

Enfastiado, escolheu um livro moderno. A differença começava pelo trabalho material. A impressão era nitida quanto podia ser, o typo graùdo, bem entrelinhado, de leitura facil, O papel de excellente qualidade e a encadernação artistica. Na capa lia-se: — «Leitura infantil — Quarta classe. Distribuição gratuita».

A instrucção publica em Kiato era sem onus de especie alguma. Os livros fornecia-os gratis o governo, desde a escola primaria até a universidade. Não havia razão para que o kiatense não soubesse ler. Pelo ultimo recenseamento, numa população de alguns milhões, não havia um só analphabeto.

Paterson folheou o livro e viu que tinha entre as mãos uma collectanea muito bem organisada de escriptos de autores celebres, sobre diversos assumptos e em linguagem correcta e facil. Eram lições de cousas, era o util unido ao agradavel, prendendo com muita arte a attenção da creança.

O primeiro artigo intitulava-se «O carbono». Este corpo era apresentado em todas as suas variedades, desde