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O reino de Kiato
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Carne branca, pouca; hortaliças, fructas, doces, em quantidade.

Almocei.

Sahi depois, para visitar as fabricas de ceramica. A mesma ordem, a mesma disciplina das fabricas da capital, todos os machinismos movidos pela electricidade.

O dono do estabelecimento falou-me em inglez. E’ preciso dizer que em Kiato não havia lingua nacional. A usada no tempo da decadencia, pouco falada hoje, foi substituida pelos idiomas mais usados no mundo.

Pedi licença para visitar a exposição dos productos da fabrica. Levaram-me a um vasto salão, fartamente illuminado pelo sol. Encostadas ás paredes, dezenas de prateleiras e nellas milhares de objectos de porcelana. Approximei-me. Deslumbraram-me os tons da louça pintada e o leite da louça branca. As tintas de tão vivas pareciam naturaes. Vendo-se uma folha, um fructo, tinha-se a illusão do real.

Minha admiração chegou quasi á estupefacção deante de duas jarras que iam para o rei de Inglaterra. Foram as maiores, e as mais perfeitas que tenho visto. Nos lugares nús, a louça era translucida, de uma diaphameidade maravilhosa. Arabescos feitos com muita arte, via-se engenho em todas as linhas da paizagem.

Numa das jarras, a ornamentação representava um pedaço de floresta ao amanhecer, com aves revoando, borboletas aos beijos e beija-flores a sugar o mel. Tinha-se a illusão do real. Um dos colibris azul-e-ouro, que, com uma poupa quasi ferrete, adejava sobre a flor de um cacto, que se enredava como serpente no tronco de uma palmeira, dava aos sentidos a sensação do natural. Nunca os meus olhos de amador tinham admirado pintura igual.