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Rodolpho Theophilo

tra a humanidade, privando a sciencia de tão grande obreiro.

O assassino e a justiça a culpa os irmana. Ambos são réos, ambos mataram.

A ignobil machina era conservada como symbolo da decadencia de seus antepassados e um protesto de reprovação á lei, que em nome da justiça manda matar.

Porque a civilização não supprimiu a guilhotina? Porque a civilisação só aperfeiçoa o viver material do homem. A moral estaciona. As artes, as seiencias progridem, dando á humanidade mais conforto, mas deixando inculta a sua moral. Que é a guerra sinão a perversão da moral no grão mais elevado? A ultima guerra que foi sínão um formidavel ataque de epilepsia que convulsionou os paizes mais cultos do mundo? A sciencia deu-lhe armas pavorosas, como os gazes asphixiantes, os submarinos, os aeroplanos e um sem numero de machinas de matar.

No homem de bôa moral, a consciencia não se desvaira. Emquanto o homem matar seu semelhante, está muito longe da civilisação, que é a fraternidade humana. A sciencia encurtou as distancias, conquistou o espaço, viajou no fundo dos mares, alliviou-nos dores do corpo, deu-nos a palavra de um outro continente, tornou faceis e commodos os nossos meios de transporte, mas nada fez em pról da humanidade, porque não cultivou a sua moral.

O homem, emquanto destruir o seu semelhante, será um barbaro. O rei, o presidente da republica, o tuchaua, os dirigentes de homens, emfim, não têm o direito de attentar contra a liberdade de consciencia de seus subditos. Emquanto não lhes for defeso esse crime, o homem não será livre. Emquanto os governos obrigarem o cidadão a exercitar-se na arte de matar, a humanidade não progredirá.