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Rodolpho Theophilo

fios metalicos que se tecia do começo ao fim do pavilhão. No principio da galeria erguia-se um estrado de dois metros de altura a que se tinha accesso por escadas nas faces lateraes. Para que seria aquelle lugar erguido do solo, aquelle palanque? Para ser occupado por pessoas gradas, os nove sabios? Não, ali não havia hierarchias, todos eram eguaes. Seria para o rei e a familia? Não era possivel; si o fosse, outra devia ser a ornamentação, dizia Paterson comsigo mesmo.

Faltavam oito dias pata a commemoração do centenario, quando a imprensa o amnunciou assim:

«A festa da comemoração do centenario, a emancipação physica e moral de Kiato, constará de uma sessão civica, na qual o rei lerá uma mensagem, a historia fiel do Reino, desde o tempo da decadencia até hoje. A sessão começará todos os dias a uma hora da tarde e durará o tempo necessario á leitura do documento historico.

A festa terminará por uma romaria civica, uma visita aos maiores vultos da humanidade, perpetuados em estatua nas praças da cidade».

Paterson não podia comprehender como a palavra do rei chegaria ao fim das archibancadas, em uma distancia de seis kilometros. Seria testemunha de mais um milagre d’aquella gente.

Tres dias antes da festa, começára o serviço de transporte do pessoal do interior para a capital. O movimento de trens era constante. Entravam uns e sahiam outros. Kiato era cortado de estradas de ferro em todos os sentidos, e todas movidas a electricidade.

Aquella gente, que trazia sempre o riso nos labios, parecia ainda mais contente. A população da cidade, pode-