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Rodolpho Theophilo

A manhã escura foi crescendo, illuminando-se. Já se delineava a perspectiva de um porto com os seus navios.

Os passageiros, debruçados na amurada, olhavam pelos binoculos, pretendendo ver telhados e chaminés de fabricas. O commandante ignorava em que porto ia fundear.

Aquella terra não figurava no mappa-mundi. Os passageiros inquiriam em que terra iam aportar; o capitão calava-se.

O navio cortava agora as aguas quietas da vasta bahia. A cidade estava de todo á vista. Via-se a silhueta da casaria, divulgava-se o vermelho dos telhados e as torres das igrejas.

O navio aproximou-se do caes e arreou o ferro. No topo do mastro grande, tremulava havia minutos o pavilhão inglez.

Passou-se o resto do dia, chegou a noite e a terra não se communicou com o vapor. Extranho caso!

Acostumados a receberem as visitas da saude e da alfandega ao entrarem nos portos, achavam exquisita semelhante infração ás leis geraes.

Mas, ás primeiras horas do dia seguinte, viram um escaler cortando as aguas rumo do transatlantico. A embarcação atracou. Os passageiros, apinhados nas amuradas, tinham os olhares nos tripulantes. Eram estes o homem do leme, o do motor electrico e mais duas personagens.

Os recemvindos causaram estupefacção ao pessoal do vapor, que pasmou deante da figura daquelles homens altos, tão altos que mediam mais de dois metros, e que, atravez de uma vigorosa carnação, denunciada na fresca e rosada côr da pelle, exhibiam a mais perfeita saude.

Arreada a escada, subiram. Um dos visitantes diri-