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O reino de Kiato
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Bellas mulheres, mais bellas do que as inglezas quando bellas e novas. Que elegancia no porte, que modestia no vestir!... Nellas não havia os artificios da moda: apresentavam-se como eram. As faces coradas não de arrebique, mas do carmim da saude. A vida via-se nellas espocar por todos os poros da carnação sadia. O busto conservava-se erecto, em perfeita elegancia, não obedecendo o porte á constricção do espartilho, cujo uso havia sido condemnado como nocivo á saude. Quem o usasse pagaria pesada multa e, na reincidencia, a pena de prisão por cinco annos.

Paterson olhava a estatura das mulheres, fóra do commum, se bem que muito de accordo com a dos homens, e reparou o calçado. Grande foi a sua admiração quando as viu, senhoras solteiras e casadas, usando sapatos de tacão baixo como o dos homens. Este uso havia sido imposto por uma lei que punia com grande multa o sapateiro que fizesse calçado de tacão alto.

Aquellas mulheres tinham a graça natural do sexo, graça sem affectação, sem coquetismo. As louras eram louras; não mudavam a côr dos cabellos pelo artificio.

Paterson, depois de ter caminhado algum tempo, notou que a edificação se modificava, que havia soberbos edificios, sobrados de dois, tres e quatro andares, predios de architectura antiga, uma cidade velha cercada pela cidade nova. As habitações não eram isoladas nem ajardinadas. Era a capital do Reino no tempo da decadencia, quando o uso do alcool ainda não havia sido abolido.

O dia estava alto. Paterson procurou um hotel. Estrangeiro, pediu informações ao primeiro transeunte que encontrou. Com muita attenção e cortezia, offereceu-se este a acompanhal-o á hospedaria unica que havia no lugar.