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O reino de Kiato
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luxuoso, os assentos os mais commodos que se podiam imaginar.

Logo que se sentou, o conductor, um homem de fina educação, apresentou-lhe uma bolsa para a esportula, grande ou pequena, conforme quizesse. Poderia tambem deixar de fazel-o, visto ser um tributo facultativo, — disse-lhe em inglez o encarregado do vehiculo.

Paterson, surprehendido com semelhante systema de cobrança, deixou cahir dentro da bolsa uma pequena moeda.

O carro vinha cheio, somente de homens. O americano, que tudo observava, viu que dentre os passageiros não houvera um só que se recusasse a dar a esportula.

— Que terra! que povo... dizia comsigo.

Depois de um passeio de alguns kilometros voltou para o hotel. A parte da cidade que atravessava era outra: as casas de construcção leve, elegante, cercadas de jardins.

Onde seria o bairro dos pobres, dos operarios?

Seria possivel que naquella cidade todos fossem abastados?

Observando com mais attenção as vivendas, notou a differença entre a casa do pobre e a do rico. A d’aquelle era menor, de fachada simples e, em vez de jardins, era cercada de canteiros de hortaliças; apenas um, em frente á casa, e este mesmo pequeno, exhibia flores, roseiras e tulipas.

Poucos eram os transeuntes. Era a hora do trabalho e as gentes da cidade deviam estar nas fabricas e nas officinas. Ouvia-se aqui, ali a chiadeira das machinas, o zum-zum dos teares, o ruido das roldanas, o sibilar das polias, o attrito das engrenagens, fundindo-se todos estes ruidos num-