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Rodolpho Theophilo

som unico, grave, rouco, que se espalhara pelas cercanias das fabricas, das officinas.

Paterson ia a passo lento, saboreando com o fino tacto de seu espirito culto o delicioso viver daquella gente.

Chegou ao hotel quasi á hora de jantar.

Feita a refeição, conversou algum tempo e ás 7 horas da noite sahiu para vêr a vida da cidade quando se acabava o dia.

Na rua, sentiu a impressão de estar em um reino encantado.

As lampadas electricas scintillavam por toda a parte, com claridade tal que se liam á distancia os cartazes, appensos ás paredes, em letras miudas.

Os jardins publicos, que eram inumeros, começavam a encher-se de gente. Parecia que toda a população da cidade deixava as casas e vinha espairecer nos logradouros publicos, divertir-se nos cinemas e theatros.

De todos os lados vinham symphonias. As musicas eram alegres, consoante a alma daquella gente.

Paterson entrou num dos jardins para ver como se portavam ali os visitantes. Ficou maravilhado. Os bancos estavam repletos. Cavalheiros e senhoras passeavam pelas alamedas conversando. Que cordialidade e que maneiras fidalgas! Senhoras casadas e solteiras riam e palestravam com guapos mancebos, sem derriços, nem coquettismo.

Sahiu e entrou num cinema. Que optima impressão teve! Nunca vira uma disposição tão sabia, aliando o util ao adoravel. O salão era espaçoso. Tão bem dispostas eram as communicações do ar de fóra com o ambiente da sala, tão bem collocados os ventiladores, que, embo-