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O reino de Kiato
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ra o calor reinante, sentia-se uma aragem fresca, e não a quentura, o afogadiço de atmosphera confinada.

O serviço technico era o que de perfeito podia desejar-se.

Paterson, que queria avaliar a moral daquella gente pelas fitas que se iam exhibir, teve agradavel surpreza. Nunca vira cousa egual. Todas as scenas, todos os episodios tinham um unico fim: — «fortalecer e levantar o espirito na pratica do bem».

Reviviam aquelles lances a vida do povo, a sua educação civica e domestica. Nem uma passagem naquelles dramas humanos falava do crime, ensinando ou incitando a commettel-o. A maldade era execrada, não se descrevendo, porém, os seus multiplos modos de agir...

O alcool, como o maior factor das desgraças do genero humano, era a materia dos dramas.

Um destes agradou-o bastante. Era no tempo da decadencia. Um operario casado, com filhos, arrastava uma vida de miserias, embriagando-se diariamente. A’ tarde, sahindo da fabrica, entrava na taverna e ahi ficava até tarde da noite quando se recolhia, bebado, á casa.

O pequeno jornal era quasi todo gasto com o alcool...

A familia soffria privações. A mulher e filhos viviam semi-nus e mal alimentados. Aquelle lar era triste com todo o desconforto da morada do vicio.

Desappareceram um dia as bebidas alcoolicas por um golpe de Estado de uma energia quasi sobrehumana. Não foi, porém, creando pesados impostos, sobre bebidas alcoolicas, mas prohibindo a sua fabricação.

O tempo passa e naquella habitação, onde até então só se ouvira gemer e praguejar, raia a alvorada de uma

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