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Rodolpho Theophilo

de visitar a penitenciaria, então transformada em uma fabrica de calçados.

Acompanhado do gerente entrou e juntos percorreram todas as secções daquella grande colméa.

No tempo da decadencia o edificio era occupado por quinhentos malfeitores, victimas do alcool e inuteis á Nação. Agora eram algumas centenas de homens e de mulheres ennobrecidos pelo trabalho, honrando a especie humana.

Reinava alli absoluta ordem, absoluta limpeza, absoluto silencio. Zelosos, activos, os operarios se moviam calados, dadas as ordens por apitos ou toques de sineta.

Ainda não accordára daquelle como que sonho e já se lhe deparava novo, enorme edificio. Era o — Forum — nome que se lia no frontão de marmore.

A porta do vestibulo estava aberta e dentro parecia não estar ninguem. Entrou. Procurava o botão electrico para annunciar-se, quando leu um quadro appenso á parede: — «Pode entrar e satisfazer a sua curiosidade».

Paterson sorriu e entrou.

Logo que transpoz o atrio, achou-se num espaçoso salão ricamente ornado, um palacio de fadas. O mobiliario era feito com as madeiras mais preciosas do Reino e estufado com os mais caros veludos.

Ao centro do salão, uma comprida mesa coberta de damasco violeta, de mogno, insculpida de filetes de marfim. Em uma das cabeceiras, uma poltrona e de cada lado seis cadeiras tambem de braços, assento dos treze juízes que tinham de julgar em ultima instancia os delictos de seus concidadãos. Sobre a mesa erguia-se uma estatua de um metro de altura, a Justiça, representada por uma mulher, de olhos vendados, tendo n’uma das