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O reino de Kiato
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mãos uma balança e na outra uma espada. No pedestal, esculpida em placa de madeira, esta legenda: — «Este é o symbolo mais falso da justiça humana, aqui collocado no tempo em que os homens pervertidos e embrutecidos pelo alcool, reunidos em conselhos, julgavam o seu semelhante; alguns vinham bebados e outros com a consciencia vendida. Lavraram-se aqui sentenças de morte condemnando innocentes á forca. Conserva-se esta pagina flagrante da nossa decadencia como uma affirmação do poder do espirito humano na conquista de sua perfeição».

Empolgado por éssas palavras, Paterson veio outra vez para a rua. Não tardou a encontrar esta placa — «Asylo de Alienados». A mesma curiosidade que o levára a percorrer os outros edifícios, fêl-o entrar.

Não sei o que mais admirou o visitante: si os machinismos, si a ordem, a disciplina, a excellente qualidade dos tecidos. Que estofos!...

A sêda primava pela qualidade dos fios e pelos padrões. A materia prima era producto do Reino. Uma variedade de «bombix» havia em Kiato que produzia fio mais fino e mais forte do que o do «bombix» commum. A selecção produzira tão preciosa variedade. A molestia da borboleta, que se transmittia á crysalida, grassou como verdadeira epizootia em todo o Reino.

Mas, depois da decadencia, um medico descobriu a prophylaxia do mal, augmentando assim a riqueza publica.

A sêda constituia uma excellente industria em que se occupavam muitas mil pessoas, especialmente mulheres e toda era exportada, pois este tecido os habitantes de Kiato o proscreveram pouco tempo depois de sua regeneração. Os seus manufactores auferiam grandes lucros com