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Rodolpho Theophilo

tal commercio. Livre a exportação de qualquer tributo, transformaram-se em fabricas as alfandegas da epoca da decadencia.

Paterson continuou a sua visita. Os hospitaes, os asylos, o parlamento, os edificios dos diversos ministros, as repartições de fazenda, os palacios de recreio da familia real — eram hoje occupados por diversas industrias.

Para que hospitaes, si não havia doentes? Manicomios, si não havia loucos? Asylo de Mendicidade, si não havia mendigos? Para que Parlamento si as leis se resumiam nestes dois preceitos — cumpre o teu dever e respeita o direito dos outros — e estavam na consciencia de todos os kiatenses, que os cumpriam religiosamente?

Paterson ia voltar ao hotel quando divisou ao longe uma estatua. Uma estatua!... exclamou.

Um povo tão original a quem perpetuaria no bronze? Curioso, aproximou-se. Estava o Nazareno, de pé, sobre um pedestal de metros de altura, no seu elevado porte, a imagem perfeita, vestido em sua tunica de purpura, na posição de quando pregava na montanha.

A estatua era de marmore cor de rosa, mas as tintas das vestes eram de diversas cores, tão indeleveis que pareciam frescas.

No pedestal de marmore negro lia-se, em letras de alto relevo, o decalogo. Mais abaixo, esta inscripção: — «Descobri-vos e ajoelhai-vos ante o homem que pregou ha seculos a fraternidade humana. Abstrahida mesmo a sua origem divina, fica ainda um dos maiores vultos da humanidade.»

Paterson admirava em soliloquio a perfeição a que