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Rodolpho Theophilo

se servia para explicar certos phenomenos que se passavam na natureza. O que se julga hoje um facto real, uma verdade, o futuro amanhã não provará ser uma hypothese?

A Pedra Philosophal não servia, pensava Paterson, somente para mudar em ouro todos os metaes, mas tambem para preparar um filtro cuja principal virtude era restaurar a saude nos orgãos doentes do corpo, remoçar as celulas envelhecidas, dar ao homem grande longevidade, supprimir quasi a morte.

Desenganado de obter a transmutação dos metaes, dedicou-se ao estudo do filtro de longa vida. Não queria supprimir a morte, concorrer para a maior desgraça do genero humano.

King Paterson não queria um filtro que impedisse á vida percorrer todas as etapas que lhe marcou a natureza, mas descobrir o antidoto da molestia da civilisação, o contra-veneno da nevrose que, sob diversas modalidades, mina aos poucos a vida dos povos civilisados. A ultima guerra, aquelle ataque de epilepsia collectivo, fôra aviso de uma futura catastrophe, que sacudirá os nervos de todas as nações do mundo numa formidolosa crise epileptica, se em tempo não se applicar um poderoso nervino.

Abandonou os mineraes pelos vegetaes. Deixou o laboratorio pelo campo. Ao despontar o dia sahia a herborisar, e quando se recolhia à casa, ás vezes ao sol poente, era carregado de folhas, flores, hastes, raizes e fructos. Colhia de preferencia plantas do grupo das «mimosas».

Paterson começou as suas pesquisas com o microscopio. As plantas eram previamente dissecadas, sendo seus estudos feitos de preferencia na «mimosa pudica», planta que tinha nervos, sentia.