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O reino de Kiato
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Os doze conselheiros de Estado foram exonerados por crapulas, deshonestos, e chamados para os lugares homens virtuosos, não encontrados na nobreza, mas nas classes popilares. As damas de honor, verdadeiras messalinas, suas alcoviteiras, foram dispensadas e substituidas por matronas respeitaveis.

A’ demissão do conselho do Estado seguiu-se a do ministerio e a dissolução do Parlamento.

A reacção começou, forte e radical. Aquelles golpes amiudados e de chofre, de uma ousadia assombrosa, estupidificaram o povo. Bem razão tinha Machiavel, quando dizia que na therapeutica politica dava excellentes resultados o derramamento de sangue copioso, porém instantaneo. Uma parte das classes armadas revoltou-se, emquanto a outra se conservou fiel ao rei. Os rebeldes foram batidos, os prisioneiros fuzilados, sem excepção de um só. O rei dirigiu em pessoa o movimento. Os nobres, os parentes da casa real, não mereceram indulto: morreram como rebeldes. Os preceitos de Machiavel davam resultado. O povo ficou em completa estagnação psychica, atordoado, depois de ter visto uma onda de sangue innundar a capital. O rei não descançava. Devia aproveitar o momento psychologico. Publicou então um edito prohibindo, em todo o reino, a fabricação e o uso de bebidas alcoòlicas, o plantio, manipulação e uso do tabaco, ficando marcado o prazo fatal de trinta dias, para desapparecerem de Kiato os vestigios de taes industrias. Os infractores seriam punidos summariamente com a morte.

As leis existentes foram derrogadas. Pantaleão não era rei absoluto, era dictador, que não hesitava em praticar a maior violencia, comtanto que estivesse convencido de