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O reino de Kiato
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Na população do reino, havia uma parte estropiada pela diathese syphilitica, lepra, tuberculose, cancro, e as nevroses em suas multiplas e diversas modalidades. Os desgraçados, que apodreciam em vida, iam-se perpetuando, gerando novos desgraçados, condemnados a uma vida de padecimentos, sem esperança de salvação. Impressionou-se Pantaleão com o viver d'esses individuos, inuteis e ao mesmo tempo nocivos, dando-se logo a estudar os meios de estancar o mal. Um dilemma se lhe antolhou: supprimil-os ou hospitalisal-os ?

Mata-los, acto de misericordia, mas innominavel ; segregal-os, mesmo sob a mais severa das vigilancias, inutil para lhes evitar a reproducção. O instincto sexual difficilmente se refreia. Sómente o pudor, a moral, podem contel-o. Mas, nem sempre.

Como curar esses seres que tamanho mal causavam ao genero humano ? Deixal-os á satisfacção do sentido genesico, esterilisando-lhes a semente humana — era resolver o problema.

Reuniu então os mais sabios medicos do reino, para lhes pedir conselho sobre o caso. O mais velho dos esculapios respondeu que, estudando havia muitos annos o assumpto, pensava ter descoberto a esterilisação da semente humana nos varões e nas femeas, sem extracção dos orgãos que geram os spermatozoides e os ovarios. Bastaria uma injecção, somente uma, de um liquido extrahido de orgãos masculinos.

Resolvida, assim, a questão, em relação ás enfermidades hereditarias, transmissiveis de paes a filhos, os portadores do mal seriam hospitalisados, e por prudencia esterilisados.

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