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O reino de Kiato
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estrangeiros que aportavam ao Reino. Nunca tinham visto uma das mais fortes e sadias creaturas de outro clima, que, comparada a elles, não fosse um tarado, um poço de diatheses, as mais horriveis! Physicamente, um aleijão; moralmente, bebado, devasso!...

O kiatense tinha consciencia do seu valor, de que a differença entre elle e outros homens dos mais civilisados do mundo era a mesma que entre o hotenttote e o homem culto da Europa. Mesmo assim, escudado em sua superioridade, o Poder Publico vigiava o estrangeiro.

E essa vigilancia devia continuar sem esmorecimentos. A propaganda contra os inimigos do homem proseguiria dia e noite, por todos os meios, empregando-se nella o melhor do esforço e da intelligencia. O cidadão do Kiato estava purificado, mas podia ser de novo empestado. Devia olhar para a creatura de outra terra como para um animal, o macaco por exemplo.

Puros eram os primeiros homens quando sahiram das mãos de Deus. Tempos depois perverteram-se. A degeneração começou em Noé. O anathema lançado pelo patriarcha no filho Cham, por ter zombado delle quando bebado, é um symbolo. Cham representava o alcool. Condemnados ficariam, até a quinta geração, a todas as desgraças, os que delle fizessem uso. E o homem foi se empestando, depravando-se até cahir apodrecido nos muros de Sodoma e de Gomorrha.

A putrefacção era physica e moral. Para sanear aquelle ambiente corrompido por toda a casta de doenças e vicios, desceu o fogo do céo, o masculo purificador, e instantes depois, da esterqueira humana só restava um montão de cinzas e uma estatua de mulher. As cinzas do