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Rodolpho Theophilo

Leu o livro em tres noitadas. Os primeiros capitulos, destinados á critica do darwinismo, provavam a falsidade da escola. Sobre a geração espontanea, fazia considerações baseadas nos estudos de Pasteur. Dava grande importancia á theoria da fermentação, estudo que devia desvendar o mysterio da vida e da morte e portanto da geração espontanea. Sobre as forças dissymetricas no desenvolvimento da vida, que Pasteur estudara com grande interesse, para resolver o problema dos organismos vivos apparecidos sem ascendentes, o da germinação sem semente, pensava que o sabio francez chegaria a descobrir a verdade, embora grandes scientistas como Biot acreditassem na geração espontanea. Aristoteles e sabios de seu tempo haviam crido nella.

No seculo XVIII, Helmont ensinava como se faziam camondongos. Ainda hoje, alguns povos acreditam que dos cabellos da cauda do cavallo geram-se enguias nos lagos de agua doce; que os insectos «louva-Deus» são pequenos vegetaes que se transformaram em animaes. O microscopio muito contribuia para animar os que acreditavam na vida gerada por si mesmo.

O autor citava factos que bem deixavam ver que elle estava a par da questão da geração espontanea desde Aristoteles. O cardeal Polinac, lembrado por elle, dizia, no começo do seculo XVIII: «animaes e vegetaes foram creados, tudo no mundo sahiu do ovulo ou da semente». No meiado daquelle seculo, dois padres, um inglez e outro italiano, terçaram armas discutindo a geração espontanea. Buffon entrou na peleja, pela doutrina da vida gerada por si mesma, com tanta felicidade que chegou a fazer escola. Voltaire, com a sua costumada ironia, entrou na questão di-