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O reino de Kiato
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Abria de um lado a Biblia e do outro a sciencia. Pondo de parte o symbolismo, o estylo rebuscado do livro santo, via-se que as idéas eram as mesmas, apreciando factos que ficaram escriptos, não nos hieroglyphos, nos pergaminhos, porém nas folhas dos grandes livros da Terra — os terrenos da sua crosta. A formação geologica, os periodos de fogo e agua por que passou o globo, descriptos pela Biblia, a paleontologia os confirmava.

Que a terra teve origem ignea, passou queimando no espaço seculos ou milenios tem-se a prova material todas as vezes que penetramos as suas entranhas, percutimos o seu esqueleto, todo formado de rochas plutonicas.

Nesse periodo, a sua constituição era semifluida, o que prova a forma actual do globo, dilatado no equador, achatado nos polos, forma essa devida á força de rotação impressa á esphera ainda em não completo estado de solidificação.

O calor central, a existencia do pyrosphero, que parece a alguns geologos duvidosa, os vulcões, os tremores de terra, os geysers, dizia o autor, são provas materiaes.

Ao periodo do fogo seguiu-se o d’agua. A Biblia fala de um diluvio universal, em que a agua cobriu os mais elevados pincaros das cordilheiras. Esse diluvio, a não ser um symbolo, foi posterior ao periodo neptuniano, que se seguiu ao periodo plutonico. Naquella epocha não existia alteração alguma, não havia relevo na face do globo. O levantamento das montanhas teve logar quando os gazes produzidos pelas combustões, ficaram retidos nas entranhas da terra e a sua força expansiva actuava sobre a crosta mal solidificada; a parte mais tenue cedia, levantando-se camaleões colossaes, os Andes, o Hymalaia e todas