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Página:O Selvagem (Senado Federal).pdf/187

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curso de lingua tupí viva ou nhehengatú
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toikọ́; tour ndẹ́ Reino; ndẹ́ remimotára i̙bi̙pe i̙bákẹpe onhemunhãnga iabé; orẹ́ rebiú ára iabiondo ára eimeẹ́ng corí orẹ́be; ndẹ́ nhirọ́n orẹ́ angaipába rẹcẹ́; orẹ́ recomemoaçára çupé, orẹ́ nhirọ́n iabé. Orẹ́ moarocára i̙mé tentatação pupé. Orẹ́ pi̙ci̙rom iepé mbae ai̙ba çuí. Amen Jesus.»

 

 

Não me parece que esta traducção dicesse ao indio o pensamento do padre nosso de modo que elle o pudesse rasoavelmente entender. Mesmo debaixo do ponto de vista linguistico ella tem diversas faltas. Na primeira oração as expressões: i̙kákepe tecoára para significar morador do céu, devia ser: i̙bakeuára; não podia ter nem a posposicão , nem ter o tecó que fica ahi sem sentido; além disso, a expressão não seria apropriada, por que uára indica uma residencia de onde se tire o sustento, por que a raiz attributiva é — ú — que significa ingerir no estomago. A expressão que estaes no céu, deve ser traduzida litteralmente assim: ikọ́ uahá i̙báke pé, no tupí da costa, e no do Amazonas, como adiante diremos. Na segunda oração: imoeté pi̙ram ndẹ cẹ́ra toikó, encontro duas faltas: em tupí não é possivel usar dos verbos pessoaes sem os prefixos pronominaes, porque não terão sentido algum para os indigenas, pela mesma rasão por que não terião sentido para nós os verbos, se nós usassemos só das raizes sem as terminações, pois já vimos que taes prefixos desempenhão n’esta lingua o papel das nossas