gena de escolher o prudente e tardo jabuti para vencer aos mais adiantados animaes de nossa fauna, fica-me evidente que o fim dessas lendas era altamente civilisador, embora a moral n’ellas ensinada divirja em muitos pontos da moral christãa.
Não será evidente, por exemplo, que a concepção apparentemente singular de fazer um jabuti apostar uma carreira com o veado, é muito engenhosa para gravar em cabeças rudes esta maxima: que a intelligencia e prudencia são mais importantes na lucta da vida do que a força e as vantagens physicas?
Qual seria o selvagem que depois de comprehender, a vista da lenda, que um jabuti pôde por astucia alcançar victoria apostando uma carreira com o veado, qual seria o selvagem, perguntamos, que não ficaria antevendo a superioridade da intelligencia sobre a materia?
Ja citei a opinião do Sr. Hartt relativa ao sentido symbolico de uma das lendas: a do jabuti e do homem.
A theoria, que prevalece hoje, entre os que estudam anthropologia e linguistica, é a de que todas as lendas são a discripção symbolica dos diversos phenomenos methereologicos que occorrem com o sol, com a lua, com outros astros, como já disse acima.
Inhabilitado, como por ora me reconheço, para entrar n’essa investigação, comtudo me parece que a theoria está confirmada não só na lenda citada pelo Sr. Hartt, mas tambem em todas, ou em quasi todas as outras.