III
A experiencia de todos os povos, e a nossa propria, ensinam que no momento em que se consegue que uma nacionalidade barbara entenda a lingua da nacionalidade christã que lhe está em contacto, aquella se assimila á esta.
A lei da perfectibilidade humana é tão inflexivel como a lei physica da gravitação dos corpos.
Desde que o selvagem possue, com a intelligencia da lingua, a possibilidade de comprehender o que é civilisação, elle a absorve tão necessariamente como uma esponja absorve o liquido que se lhe põe em contacto. Esses homens ferozes, e temiveis em quanto não entendem a nossa lingua, são de uma docilidade quasi infantil, desde que entendem o que lhes fallamos.
Não são só elles.
Quem estudar o que os Inglezes fiserão na India — os Russos na Azia e America, os portuguezes e hespanhoes na Africa, Azia e America, verá a mesma cousa. Por toda parte onde quer que uma raça civilisada se pôz em contacto com uma raça barbara vio-se forçada: ou a exterminal-a, ou a aprender a sua lingua para com ella transmittir suas idéas.
É esse o alcance d’aquellas palavras de Christo quando, dando aos apostolos a missão de levar a religião de paz e caridade atravez das trevas do mundo