Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/120

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do amigo de infância, especialmente à noite, na hora do repouso e serão de família, quando é tão grato vazar em seio dedicado a confidência dos próprios trabalhos, e beber em palavras sinceras e leais a coragem para a luta.

Essa hora porém, Freitas a passava em casa de D. Isabel, mãe de Júlia, curtindo mágoas e desesperos a troco de umas fagulhas de esperança com que o acalentavam de tempos em tempos. Algumas noites, quando se recolhia a desoras, protestava não voltar mais; e no dia seguinte era dos primeiros que chegavam.

D. Júlia teria então vinte anos; era realmente uma beleza. As pastas dos finos cabelos e os grandes olhos pareciam talhados em veludo negro, e embutidos no jaspe de sua tez branca e macia. Tinha a boca lindíssima, e as formas corretas e harmoniosas de uma estátua grega. Se alguma cousa se podia notar nesse tipo de formosura, era a frieza que lhe amortecia as feições.

Filha de uma viúva pobre, tendo de seu apenas a Chica, preta que lhe servira de ama, Júlia da mesma forma que Freitas depositara toda sua esperança no casamento; também para ela, o sonho