Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/122

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Júlia mostrou-se muito superior a Freitas na realização de seu plano; ao passo que este se deixava arrastar muitas vezes pela paixão que tinha à moça, ela sempre calma e paciente não vacilava, e prosseguia incessantemente para o alvo de sua vida: o casamento rico.

Mas em todo esse trama laboriosamente urdido para colher um dote, a moça não era senão o instrumento de D. Isabel, que a movia como a um autômato. Habituada desde criança a obrar e a pensar pelo influxo da mãe, Júlia, chegando aos dezoito anos, longe de emancipar-se dessa tutela, ainda mais subordinou-se a ela. Sua natureza fria, incapaz de impulsos ardentes, se alguma vez se aquecia com um raio de paixão, caía logo prostrada e exausta, sob a vontade a que porventura tentava subtrair-se.

D. Isabel nutriu a acalentou o coração da moça, como tinha feito outrora à criancinha de colo; e por isso Júlia amava quando, como e a quem a velha desejava. Era esta quem de véspera traçava o programa dos namoros da filha no dia seguinte; quem dava o plano de certos arrufos e esquivanças próprios para atear a chama de algum apaixonado; quem fornecia à