Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/198

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seu lábio frisado pela contenção do espírito, foi-se distendendo em um sorriso, a princípio quase imperceptível. Quando afinal seu rosto expandiu-se, a cabeça erguida ressumbrava a veemência do prazer que sentia.

Alice respirava.

Ele tinha duas vezes em menos de uma hora arrancado à morte sua presa. Tinha duas vezes esmagado com sua superioridade o homem a quem mais odiava no mundo, salvando-lhe a filha, e obrigando-o a dever-lhe a felicidade de sua vida. As esmolas que o barão fazia à sua mãe, esses sobejos de uma riqueza talvez bem mal adquirida, ele as pagava por esse preço.

— Tem café quente ou esprito?

A respiração da menina, quase insensível durante alguns instantes, afinal sublevou-lhe docemente o seio. Sentiu-se um raio tenuíssimo de luz perpassar na pupila imóvel e cristalizada. A vida foi a pouco e pouco derramando-se pelo corpo, já cadáver. Quando o rosado das faces, a pulsação distinta e o movimento muscular, revelaram uma reação franca, o menino, conhecendo que Alice estava salva, eclipsou-se no meio