Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/81

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assim como ele estava de cabeça ruça.

Quem não se achasse em estado de graça, bem confessado e comungado, não devia pois arriscar-se nas proximidades do boqueirão; porque com certeza lá ficava embaixo d'água por uma vez. Não havia santo, nem oração, que o salvasse das manhas do bruxo, fino como um azougue e capaz de enganar ao próprio diabo, seu mestre dele.

Ou porque o feiticeiro não achasse mais alma penada para à custa dela ganhar um suplemento de vida, ou porque se aborrecesse deste mundo; o caso é que um dia desapareceu e ninguém mais soube novas dele.

Já então havia a roça, desde anos, passado para outro dono, que fez dela uma bonita fazenda.

Esse novo proprietário, que era Figueira, a avô de Mário, trouxera vários escravos e entre eles um molecote de nome Benedito, colaço e pajem do filho José. Pelo tempo adiante o mancebo casou-se e retirou-se da fazenda, agastado com o pai; Benedito, que já tinha mais de quarenta anos, era cativo; não pôde acompanhar o