Página:O Tronco do Ipê (Volume I).djvu/91

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gentil, é submergida pelo abismo infindo, onde o tragam as decepções cruéis.

De um lado da bacia notava-se uma grande pedra quadrada em forma de laje, com uma borda levantada à guisa de parapeito, e uma saliência encostada ao rochedo, figurando um divã. Era obra da natureza, mas aperfeiçoada outrora pela arte que talvez aproveitasse o lugar para ponto de recreio.

A essa pedra chamavam na fazenda, a Lapa. Ela ficava exatamente na base do mais alto e mais áspero dos rochedos, o qual prolongava sobre o lago uma ponta ab-rupta semelhante a uma crista. Esse dossel de granito, com suas franjas verdes de parasitas e orquídeas, tornava ainda mais umbroso o rebojo do lago, que só naquelas horas da sesta recebia diretamente alguns raios do sol.

Aí na Lapa ia dar a vereda tortuosa que descia do terreiro da cabana; e continuava enredando-se nas moitas que vestiam as margens da lagoa. Na direção da várzea podiam-se ver ainda os vestígios de algumas pilastras de alvenaria, que denotavam ter ali existido em outro tempo alguma construção ligeira.