Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/108

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Nunca o modelo dos compadres se vira em tão crítica posição. O seu nariz, barômetro d'alma, passava do verde ao escarlate e ao cor de terra. De vez em quando o pescoço fazia aquele nó que dão os gansos quando comem; eram os bagos vermelhos que o homem engolia a um e um para diminuir a conta dos tentos ganhos.

A baronesa fazia os maiores esforços para conter o despeito; mas o riso sarcástico esgarçado entre os lábios e o gesto nervoso com que chocalhava os dados no copo de marfim, arrepiavam o parceiro.

— Então quem ganha? perguntou o barão.

— Ora, quem há de ser!

O Sr. Domingos Pais levantou para o barão uns olhos de mártir.

— A Excelentíssima está jogando o perde-ganha, balbuciou ele.

— Arre! exclamou a baronesa indignada com um último lance. Assim até esta cadeira ganha.

Livre daquele suplício, o Domingos Pais esgueirou-se até à sala de jantar, onde estavam de prosa a Felícia, a Eufrosina, o Martinho e a Vicência, enquanto a última preparava a merenda de frutas e refrescos.