Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/117

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— Deu o primeiro; e vendo que eu não tinha chorado, deu o segundo com tanta força que me fez saltar as lágrimas em bagas. Então você soltou o braço de repente, me abraçou chorando e... me deu um... Mas aqui na face!

O semblante da menina lavou-se em ondas de púrpura; e seus lábios não se animando a pronunciar a palavra, insensivelmente se tinham apinhado, dando a imagem dessa carícia, que ainda lhe acendia as faces de rubor.

— Nunca mais você me deu outro... Só quando me tirou do boqueirão, como morta, e que para me fazer voltar à vida, foi preciso soprar-me ar com sua boca. Meu Deus, que vergonha eu tive quando soube!...

Alice calou-se, tomada pelo soçobro destas recordações, meio arrependida do que dissera, querendo resgatar cada uma de suas palavras, e contudo sentindo o coração ainda cheio a transbordar daquele perfume de saudade que tinha destilado durante tantos anos de infância para verter um dia no coração de seu amigo e camarada de infância.

Mário, cada vez mais submergido no passado,