Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/145

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Tendo-se incumbido do futuro do menino, o barão lembrou-se de mandá-lo à Europa, a fim de concluir seus estudos em um colégio francês. Porventura esperava ele que a residência por muitos anos em um país estrangeiro, e a influência de ideias e costumes diversos, gastariam no caráter de Mário certas asperezas, e apagariam no seu espírito vagas suspeitas que lhe tinham imbuído em tenros anos.

Passando da capital do império à capital do mundo, teve o menino segundo e talvez maior aturdimento. A grande cidade, hoje manietada pelo inimigo e prestes a baquear, estava então na intensidade de seu fulgor. Nenhum estrangeiro penetrava nesse grande foco da civilização, que não sofresse um deslumbramento.

Mário, adolescente ainda, tolhido não só pelo natural acanhamento da idade, como pela vigilância dos correspondentes, não podia conhecer as delícias dessa voluptuosa Babilônia, cuja devassidão a cólera celeste se preparava a punir, suscitando o velho espírito germânico do pó daquela terra, donde saíram outrora os demolidores de Roma.