Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/146

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Todavia a eletricidade moral dessa atmosfera comunicava-se à alma do menino e produzia nela choques e repercussões íntimas que brandiam as fibras mais recônditas de seu organismo. Ele não via, mas pressentia, que em torno de si agitava-se o tropel de uma civilização chegada ao apogeu.

Sucedeu o que esperava o barão. Um espírito jovem, ao despontar da juventude, não podia resistir a abalos, capazes de subverter uma alma já adulta e um caráter formado. Desprendendo-se da primeira quadra de sua infância, talvez sopitando-a apenas, o menino foi-se moldando pelo exemplo da nova sociedade em cujo seio vivia, e pelo influxo dos conhecimentos que rapidamente adquirira; porque sua inteligência, como a semente cheia de seve, caindo na leiva na civilização, começara logo a pulular com viço admirável.

Mais tarde, já passados os dezoito anos, depois que a vida do homem transpõe esse breve limbo que separa a mocidade da adolescência, quando o homem apenas surgido das ilusões, atônito de si mesmo, coteja-se como o menino que era ontem, e a criança que foi outrora; nesses momentos de auscultação