Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/154

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crescia dentro do seu, insinuava-se pelos refolhos d'alma, e tomava posse dele; e este ser não era senão o do órfão que outrora ali vivera.

A alma desse menino ficara em hibernação no seio daqueles ermos; e despertando agora depois de longos anos de entorpecimento, voltava a animar o corpo onde outrora habitara. Mário a bebia a tragos no ambiente que inspirava, na fragrância das flores, nos estos da brisa, nos borbotões da luz que jorrava no espaço.

O dia inteiro, o mancebo passou-o no campo; almoçou frutas do mato como tantas vezes fizera outrora; e em vez de jantar merendou na cabana de Benedito.

Quem nessa noite se recolheu à Casa Grande não foi o jovem doutor chegado ultimamente da Europa, mas o órfão de outrora com todas as suas paixões.