Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/172

Wikisource, a biblioteca livre

Alice tomada pela estranheza das palavras que ouvira, não cuidou logo em seguir o engenheiro para interrogá-lo; quando se lembrou de o fazer, já ele tinha entrado em seu quarto.

Aquela retirada súbita, a menina bem a pressentiu; era uma reticência, que talvez a voz não pudesse guardar. O mancebo, temendo que sua palavra mau grado lhe rompesse dos lábios e revelasse o segredo que ele se esforçava por sufocar, apartara-se para não ser ouvido, nem mesmo pressentido. Sem dúvida ele receava-se até de sua fisionomia, que lhe traísse o mistério.

Mas esse mistério lhe pertencia a ela também, porque pesava fatalmente sobre sua existência e lhe arrebatava a felicidade tão sonhada. Ela se julgava com direito de penetrar na consciência de Mário; desvendar o arcano; e disputar a esse inimigo ignoto a afeição de seu companheiro de infância, do escolhido de seu coração.

Para isso não recuaria diante de qualquer perigo, e contudo parou indecisa ao limiar da porta, que não se animava a transpor. Se a morte guardasse aquela porta, não recuaria; mas era o pudor. A menina retrocedeu depois de longa