Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/198

Wikisource, a biblioteca livre

— O sr. barão deseja falar-me? disse Mário.

A entrada do mancebo causara no fazendeiro uma perturbação, que ele apesar do grande esforço, não pôde recalcar. Sua voz ainda ressentia-se desse abalo quando respondeu depois de uma pausa:

— Sim, Mário; sente-se.

Alguns momentos decorreram em um silêncio incômodo para o barão, e fatigante para Mário, que não se recobrara ainda da primeira surpresa. Afinal o fazendeiro falou: mas bastante comovido, e divagando a vista pelo vale para evitar o encontro do olhar do mancebo:

— Quando seu pai e eu tínhamos sua idade, Mário, fazíamos nossos castelos, como todos os moços costumam. Uma vez, no meio daqueles sonhos do futuro, ele disse-me gracejando que pedia a Deus um filho para casar com a filha que eu devia ter, conforme seu desejo: “Assim, ficaremos ainda mais unidos”, acrescentava ele.

O barão pronunciou estas palavras com um timbre vendado, como se temesse que alguém o estivesse escutando. Mário, em quem à surpresa sucedera um recolhimento profundo, ouvia com uma placidez fria e quase rígida.