Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/206

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casa uma distância imensa, um mundo se fosse possível.

Sentado à beira do jazigo, ficou um instante absorvido nas reflexões que lhe acudiam de tropel, com a cabeça pendida ao peito e as mãos enlaçadas aos joelhos.

— Se não me tivesses deixado tão cedo, boa mãe, talvez que teu carinho me houvesse arrancado esta horrível suspeita. Quando menino, não soube amar-te. É hoje que te compreendo, e adivinho o que serias se ainda vivesses! Quem sabe se tuas lágrimas não teriam orvalhado essa aridez de minha alma! Quem sabe?

Emudeceu um instante, como esperando a resposta do túmulo, a quem interrogava.

— Mas não! Foste tu mesma, que me enviaste do seio da eternidade, como tua última lembrança, a prova do crime!...

O crepitar do folhedo sob um passo ligeiro fê-lo voltar-se. Era Alice que vinha para ele, sofregamente, com os cabelos ainda em tranças e o semblante demudado. Na mão trazia uma carta que tomara do Martinho, a quem Mário a confiara para mais tarde entregar ao barão.