Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/209

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procure jamais compreendê-las! Elas matam. Bem vê que não devo ficar aqui; meus lábios destilam veneno: um olhar meu pode assassiná-la.

Mário afastara-se rapidamente; a alguns passos voltou-se:

— Adeus, Alice, e para sempre! Esqueça-me!...

De joelhos junto ao túmulo, a que se amparava para não cair, a menina ergueu a custo a fronte:

— Se algum dia voltar, nos achará aqui, a ambas! murmurou ela com resignação angélica.

Mário não pôde resistir. Suspendeu-a nos braços e cingindo-lhe o talhe, estreitou-a ao seio convulso.

Assim ficaram unidos e imóveis por algum tempo.

— Alice, acredite. Se há um meio de unir-nos algum dia, é essa ausência. Minha vida aqui é uma vertigem, uma alucinação; cada pensamento é um desespero, senão uma loucura; cada instante um perigo. E se fosse só para mim? Mas para aqueles a quem amo. Longe daqui, talvez que eu possa esquecer; talvez que a fatalidade canse... e... eu volte um dia. Senão...

— Nunca mais nos veremos! murmurou Alice.

— Não; havemos de nos ver, Alice.