— Quando?
— No céu!
— Sim, no céu; mas como dois estranhos e desconhecidos, soluçou a doce voz da menina.
Mário compreendeu seu pensamento:
— Eu lhe juro! Sobre esta sepultura que é para mim o altar mais sagrado, eu lhe juro. Minha alma lhe pertencerá exclusivamente, ninguém terá o direito de reclamá-la.
Uma serenidade celestial difundiu-se pelo rosto de Alice, e deu à sua tristeza o toque suave dessa maviosa melancolia que é uma espécie de nostalgia d'alma pela sua mansão etérea.
Mário tomou entre as mãos a loura cabeça do anjo transfigurada pela visão da bem-aventurança, e beijou-a santamente, murmurando a palavra – adeus!
Por fim, arrancando-se a esse beijo onde lhe ficara a alma divulsa, partiu. Imóvel, como ele a deixara, permaneceu Alice, com a fronte levemente pendida e as mãos no seio onde as cruzara o pudor. Seu talhe oscilava, como a cana que o vento parte pela raiz; e os olhos acompanhavam a Mário que se afastava rapidamente. Parecia que