Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/211

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esse olhar longo, fixo e intenso, era o fio invisível que retinha suspensa sua alma. Quando o mancebo desapareceu, ao longe, entre o arvoredo, o corpo exânime dobrou-se, primeiro os joelhos, depois a fronte, e resvalou ao chão.

Ali a veio achar pouco depois, seu pai, chamado pelos gritos das mucamas.

Foi um terrível momento para o barão. Embora acostumado desde muito às graves comoções, e provado pela adversidade, pouco faltou que não sucumbisse a esse golpe profundo.

A carta de Mário ficara casualmente sobre a lousa negra do túmulo de D. Francisca, onde Alice a pusera em um momento de perturbação. No sobrescrito lia-se o nome do barão. Ali em face do corpo inanimado da filha e daquela carta agoureira que ia receber de um túmulo, cuidou perder a razão. No cérebro alucinado caíam-lhe como gotas de chumbo, ideias horríveis. Fora Alice assassinada? Mário estaria morto também? E aquela carta? Era o sarcasmo de uma vingança cruel?

Afinal recobrou Alice os espíritos; e sua pupila azul, ainda nublada pelo torpor da vertigem, perpassou